Este ano de dois mil e cinco a cerimônia de Yemanjá, dia dois de Fevereiro calhava numa Quarta-feira véspera de carnaval.
O sagrado e o profano juntos... Só mesmo nesta terra maravilhosa algo assim poderia acontecer. Aguardava-se que as duas festas se misturassem transformando Salvador na capital religiosa e da alegria...
Comemoraria a data do meu aniversário no dia cinco de Fevereiro Sábado de carnaval.
Meses antes Dona Licia tinha-me chamado ao seu gabinete, para uma reunião, relacionada com o carnaval: Gostariam de participar um dia no camarote de Daniela mostrando a vossa culinária? Prontamente disse sim.
A visibilidade é imensa, por noite passam pelo camarote na Barra cerca de mil pessoas. Teríamos de confeccionar comida para esse número de ilustres convidados vindos de todo o país e não só... Que desafio.
Combinei tudo com Beto escolhi os colaboradores para nos ajudarem na tarefa e eis chegados o dia.
Solicitei a Licia que o dia escolhido para o Paraíso Tropical mostrar a sua gastronomia inovadora fosse o Sábado dia cinco... Era o dia mais concorrido para os restaurantes convidados.
Para mim seria um momento único.
O Paraíso iria fazer um jantar no Camarote de Daniela Mercury, para todos os convidados e logo no dia cinco de Fevereiro data do meu aniversário... Para poucos, pensava eu.
A criadora do camarote uns dias antes da festa começar, fica incomunicável ou no seu escritório ou na sua residência, fazendo a lista de convidados para os cinco dias da folia.
Toda a gente tenta falar com ela, solicitando pedindo camisetas para participar do grande evento.
A organização é impecável a noite toda até altas horas da madrugada, o serviço não para e nada falta. Constante desfile de estrelas...
Licia tinha-nos oferecido camisetas para todos os dias e em especial uma quantidade apreciável para a data do meu aniversário.
Tinha convidado os meus amigos mais íntimos e familiares, alguns ofereci a camiseta a outros solicitava que quando lhes fosse oferecida sugerissem a data de Sábado.
Imaginem o que é estar no camarote em pleno Sábado de carnaval na companhia de muitos estimados amigos e ter a satisfação de escutar os maiores cantores de todo o Brasil em cima dos vários trios elétricos...
Eu pensava a todo o instante. Que show particular; e brincava com os meus convidados dizendo: Chiclete, Ivete, Daniela, Brown e Claudinha estão aqui para nos prestigiar, que privilégio;
Todos sorriam e compreendiam que aquele desabafo era tão só, a expressão simples da minha felicidade.
Com muito trabalho e a ajuda de todos, a nossa culinária foi sendo conhecida e reconhecida e os banquetes tinham dados os seus frutos.
Qual era o custo de tudo isso!
A transformação valeria à pena!...
Talvez só o grande poeta português e universal “Fernando pessoa”, explicasse...
A noite terminou em grande comemoração, alguns presentes cantavam o parabéns a você esperando que eu apagasse as velas do bolo, para poderem provar do mesmo.
Na Segunda Feira estávamos com alguns amigos trocando idéias e fazendo resenhas de tudo o que até então tinha acontecido, quando se aproxima o trio da cantora que dava o nome ao camarote.
Daniela vinha como sempre linda, é de um cuidado fora do comum com o visual e a coreografia.
Sempre a inovar. Bailarina de formação o movimento agregado á sua linda voz fazem sempre dos seus shows algo diferente.
Em cima do seu trio elétrico tudo pode acontecer para delírio dos que têm o prazer de escutá-la.
Mistura musica eletrônica, musica clássica ou uma simples orquestra com axé.
A Rainha do Suingue Baiano, ou simplesmente a “Eterna menina da Bahia.
O tempo estava chuvoso, tinha começado a chover no dia anterior, mas o calor mesmo assim se mantinha.
Daniela passa em frente ao seu camarote com o publico vibrando ao som das suas musicas ritmadas.
Fala para o camarote agradece a alguns presentes, como sempre faz e começa a cantar as águas de oxalá, o trio vai deslizando lentamente, afastando-se da sua tribuna de honra, em direção ao bairro de Ondina.
Começa a chover torrencialmente, mais parecia um dilúvio, alguém tinha aberto a torneira lá em cima, talvez São Pedro. A chuva se mistura com o vento, rajadas de vento contínuas, as coberturas e toldos dos camarotes perto de onde nos encontrávamos, rasgavam-se, pareciam feitos de papel.
O toldo do nosso camarote também se solta, chove perto de nós...
O nervosismo se apodera de alguns convidados, a situação está controlada, mas a chuva e o vento tinham estragado aquela Segunda Feira de carnaval.
Fui embora com Carla por volta da meia noite e meia, amanhã haveria a continuação... E houve, a chuva deu uma trégua, o camarote tinha ficado sem condições de funcionar no dia seguinte. Mas a Dona licia não baixou as mãos, antes pelo contrário, ligou para mim na Terça Feira pela manhã pedindo que avisasse as pessoas amigas, inclusive a Cônsul de Portugal Filomena Croft de Moura, que a festa continuaria no Ginásio da Associação Atlética. Lá estava ela organizando tudo e todos.
Daniela nos prestigiou com um pequeno show e ainda chamou alguns artistas, que dividiram o momento daquela Terça Feira de carnaval.