segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Décima Oitava Dose de Pílulas do Livro...

O estreitar relações humanas é algo muito importante para qualquer de nós, pois através delas a aprendizagem se torna mais fácil e acessível.

Ivan Trilha é um especialista nesse estreitamento energético entre os seres humanos.
Doar, para que essa energia dada com o coração sem falsidade retorne em dobro, através de um simples, muito obrigado.
Combinou comigo, Bel e Bruno certa noite fazermos, aquilo que chama de regadeira de rua.
Regadeira no sentido de regar algo, que depois cresça de uma forma normal e natural.
Regar o carinho a amizade o amor, ou então simplesmente utilizar a doação como uma espécie de regador desse amor.
A nossa experiência foi muito singela e bonita...

Fomos os quatro por aquela noite fora, com o carro carregado de bolachas, pacotes de leite, bombons de chocolate, parando em locais onde encontrávamos pessoas necessitadas sem lar ou simplesmente trabalhando na mais velha profissão do mundo.
- Vamos parar aqui, dizia Ivan. Saia do carro sorridente, sabendo que estava a fazer alguém feliz naquele preciso instante.
- Muito boa noite, cumprimentava os presentes abanando a cabeça de cima para baixo, como que reforçando o cumprimento.
- Isto é para vocês, eu e os meus amigos estamos fazendo uma regadeira de rua, tomem. Estendia a mão á espera que alguém aceitasse aquele gesto simples de carinho.

Inolvidável a experiência que todos sentimos a cada ato de doação...

O sorriso das pessoas era o mais importante elemento da nossa satisfação, por vezes ficavam perplexos ao receberem das mãos daquele ser o que quer que fosse.
Sorriam sem saber o que dizer, tudo era tão espontâneo e intenso que as pessoas ficavam a acenar-nos ao longe agradecendo continuamente aqueles segundos de ternura.

O professor era o indivíduo mais feliz naquela noite e tinha-nos ensinado na prática mais uma aula de vida.

O médico ginecologista que acompanha uma mulher desde o primeiro instante da gravidez torna-se de tal maneira importante, que se estabelece, uma relação de interação e de total confiança com a grávida.
Carla tinha essa relação com o médico que escolhera para acompanhá-la até ao ultimo instante. Excelente profissional, bom amigo.
Foi seguida pelo seu médico, com todos os cuidados possíveis, desde o receituário, vitaminas, ácido fólico, assim como as ecografias foram efetuadas nos momentos julgados oportunos e aconselháveis.
E foi através de uma ecografia, estava Carla com mais ou menos vinte e duas semanas de gravidez, que o médico começou a desconfiar de algo.
Ricardo e Carla espero que nada seja de anormal, mas noto o quadril da criança, menor do que o tamanho normal nesta altura; De certeza que não deve ser nada de preocupante, mas mesmo assim, Carla terá de fazer um exame aqui com a minha colega e a recolha do liquido amniótico, será enviada para Belo Horizonte.
Não entendi nada... Belo Horizonte, porque não aqui? O que se passa doutor? Pode-nos explicar? Pode ser mais objetivo, por favor?
Nisto Carla estava extasiada, não sabia sequer o que dizer! Calmamente e vendo o nervosismo que tinha se apoderado de nós, o médico tentava a todo o custo, explicar o que acontecia naquele preciso momento.
Desconfio que estejamos com alguma dúvida em relação ao crescimento do feto, Carla começou a chorar compulsivamente, eu não sabia que fazer, tentar acalmá-la foi o que fiz... Não vai ser nada, tem calma, Deus vai ajudar-nos, não chores, não chores...
A recolha do liquido amniótico foi feita e enviada para Minas Gerais, pois somente lá dariam a resposta em vinte e quatro horas.
A espera do resultado foi algo de inexplicável. A angústia se apoderou de nós, a tristeza tomava conta das nossas mentes. Rezávamos para que o resultado fosse favorável e que nenhuma anomalia existisse. Tínhamos tudo preparado para a vinda da criança.
Como a fé e a esperança, tomam conta das nossas mentes, quando estamos em situações limites e esperamos ansiosamente a ajuda divina.
Infelizmente a fé e a esperança, não foram suficientes.
O nosso mundo começava a desmoronar-se a aos poucos. Tentava consolar a minha mulher, mas não tinha forças para fazê-lo.
A criança estava com malformações múltiplas e não ia sobreviver, até ao final da gravidez, Carla corria grave risco de saúde...
Eu queria pisar o chão, mas não encontrava o piso...
Fomos a outro médico, o maior especialista da Bahia, a conclusão era a mesma, anomalia congênita, malformações múltiplas.
Um caso em cem mil... Meu deus, Meu Bom Deus, logo conosco.
A minha mulher, perdeu a criança em Janeiro do ano de dois mil e cinco.
No dia que perdeu espontaneamente a criança na maternidade, o estado de saúde de Carla agravou-se, por uma súbita febre que teimava em permanecer, apesar da medicamentação.
Liguei para o telefone móvel de Ivan Trilha, estava em Belo Horizonte, no seu consultório atendendo. Professor bom dia preciso da sua ajuda...
Ás quatorze horas desse mesmo dia, fui ao aeroporto buscar aquele ser extraordinário cheio de sapiência e de conhecimento do alto astral.
Tinha respondido ao meu apelo por amizade e respeito.
Foi ao hotel mudar de roupa, vestiu-se de branco pediu uns momentos de silencio, deixei-o sozinho por breves instantes.
Passados uns minutos disse: vamos Ricardo, leve-me, por favor, ao hospital. Assim fiz.
Quando cheguei ao quarto, estavam duas tias e uma prima com Carla.
Ivan solicitou que o deixássemos a sós.
Após uma hora, Ivan saiu, olhou para nós e disse: está tudo bem, Carlinha vai ficar ótima. A Febre baixou o estado de prostração desapareceu e os presentes indagavam: quem era aquele homem? Obrigado amigo...
Alguns dias após liguei para Lícia e disse-lhe que tinha conhecido um ser humano grandioso e que fazia questão que ela conhecesse...

Com todos os precalces inerentes ao desenvolvimento e evolução do ser humano, a vivência e a aprendizagem faziam de mim um ser mais maduro, com um conhecimento e saber de experiência feita.
Olhava para trás e denotava que apesar das contingências, tinha originado uma transformação uma mudança.

Um verdadeiro banquete onde tudo entrelaçava e se unia á volta de algo.

A casa no Rio Vermelho e o restaurante que existia dentro dela, tinham-se tornado um verdadeiro ponto de referência; um templo...

Originaram-se mudanças naturais sem ninguém se aperceber de como tudo ia acontecendo, pouco a pouco. A comida deliciosa e inovadora foi cedendo o lugar á culinária glamorosa e cheia de requintes; Agregamos lentamente e sem sabermos alguns pormenores que alteraram a visibilidade da culinária. O espaço e a logística existente foram primordiais nessa alteração.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Décima Setima Dose de Pílulas do Livro...

Pois foi Bruno Nunes que nos apresentou “o cavaleiro do novo milênio” Ivan Sol Trilha, com quem Bruno tinha convivido anos antes, na cidade maravilhosa cheia de novidades e loucuras.
Falar de Ivan Trilha é muito complexo, devido á sua imensa vivência por esse mundo afora.
Professor, Guru, Mentalista, Terapeuta Holístico, Médium, Vidente, para a maioria...
Para mim é o amigo e verdadeiro irmão de outras vidas passadas.
Sempre disposto a ajudar, porque a sua missão, a que lhe foi incumbida, estará sempre subjacente á sua personalidade e caráter.
A energia é o fator primordial das suas intervenções, trabalha-a, porque segundo ele, tudo o que nos rodeia é energia.
No universo no cosmos ela flui constantemente, devemos aproveitar os momentos que nos são oferecidos.
Bruno contava algumas situações que tinham acontecido no Rio com Ivan anos antes, nós ouvíamos.
O seu poder através da mente, as coisas que tinha feito as tentativas de ajudar sempre, quem deveria ser ajudado, as suas sinergias em prol do bem comum.

Ivan Trilha é um professor em unificar e unir os sentidos das coisas e traçar-lhes rumos certos.

Fala ás vezes por Parábolas ou Metáforas têm por isso de decifrar o verdadeiro sentido das suas sábias palavras. Poucas vezes é direto, só quando pode fazê-lo, mas sempre é objetivo e linear.
Estávamos sentados junto á amendoeira.
Ivan estava acompanhado da sua esposa Mackelene, ouvindo as dissertações de Bruno, contando todas as vivências passadas.
Olhava para o movimento do restaurante sem nada dizer, observava cada detalhe, que lhe despertasse algum sentido adormecido.
Adorava ficar perto da amendoeira – Esta árvore tem uma energia especial, Ricardo este espaço é mágico, dizia o professor, fumando o seu longo charuto especial.
Dialogava comigo a todo o instante como se nos conhecêssemos á longos anos. Ivan não via Bruno, que considerava seu filho há quatorze anos e tinha vindo para Salvador, passar uns dias de descanso com a sua estimada Mackelene.
A história deste homem é repleta de acontecimentos, não gosta de falar dela a não ser para muito poucos, os amigos de casa, como diz.
Filho adotivo do ex-presidente do Brasil, João Goulart, desde muito novo conviveu com os fenômenos psíquicos e extras sensoriais o que levou a ser considerado em mil novecentos e setenta e nove em Bogotá, o primeiro mentalista do mundo, na primeira reunião internacional sobre fenômenos psíquicos.
Percorreu o planeta desenvolvendo uma série de trabalhos sobre a mente humana. Estava agora em Salvador e esta seria a primeira das muitas vezes que nos visitaria.
O restaurante tinha uma clientela muito boa, tinha ganhado nome e estava solidificando a sua freqüência.
Só famosos e famosas, artistas, políticos, publicitários, músicos, estilistas, havia dias de autênticos desfiles de Vips: José Simão, o Pres.do BID- Henrique Iglesias, Duda Mendonça, Paulo Borges, Faus Hauten, Sandra de Sá, Luana Piovani, Ricardo Mansur, Luis Fernando Guimarães, Marisa Orth, D. Zélia Gattai, Senador António Carlos Magalhães, Margareth Meneses e tantos outros...
Freqüentemente contatavam para fazermos eventos para empresas ou queriam utilizar o nosso espaço, muito agradável, como diziam, para festas de aniversários ou datas comemorativas.
Fazíamos alguns orçamentos a preço baixo, com pouco lucro, para ganharmos os clientes e a simpatia dos mesmos. Estávamos ainda no inicio e seria necessário aprender como lidar com algumas novas situações.
Os nossos clientes queriam por vezes, cardápios diferenciados, com frutos do mar, o que encarecia o custo final do evento. Montávamos normalmente três orçamentos diferenciados, para haver uma maior opção de escolha.
Carla sabia como fazê-lo e a sua simpatia conquistava a maioria e a sua gravidez chamava a atenção.
Final do ano em Salvador tem de se ter cuidado para não se perder a forma.
Feijoada atrás de Feijoada, eventos e mais eventos e nós éramos convidados para tudo.
Evitava ao máximo, tornar um habito essas constantes festas, até pelo estado da grávida.
A barriguinha de Carla estava muito bonita, notava-se, era uma grávida linda.
Uma menina, o nome da criança seria Inês, em homenagem á minha avó materna, que eu tanto amava e que tinha desencarnado um ano antes.
Fomos aos poucos comprando o enxoval e recebendo alguns presentes.
No Natal e Réveillon desse ano, a mãe do bebê irradiava felicidade...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Décima Sexta Dose de Pílulas do Livro...

O outro entrevistado para o programa que estava a ser gravado era um artista visual, de tez morena e bigode extenso levemente puxado para os lados, tipo português do início do Século XX.

Com muita boa dicção notava uma rapidez de raciocínio grande e uma postura muito correta perante a entrevistada.
Quem era aquele homem de meia idade que aparentava ser um cavalheiro.
Tinha observado quando da sua chegada, a sua esmerada educação ao cumprimentar todos os presentes com a maior das simplicidades. Estava acompanhado de uma senhora, a qual se sentou à mesa ao lado da minha, gentilmente, este cavalheiro baiano puxou a cadeira para a senhora se sentar.
Eu estava a tomar um Vinho Português (concerteza) da Região de Palmela Reserva João Pires, quando a entrevista terminou.
De seguida Luzia Santana chamou-o pelo nome, Bel vem conhecer o sócio e genro de Beto.
Conversamos à tarde quase toda e tomamos algumas Reservas de Palmela, entre histórias, risos e gargalhadas.
Começava naquela tarde uma amizade que dura até ao dia de hoje.

Alberto José da Costa Borba – refletir sobre este homem que se tornou meu amigo em terras de Salvador, torna-se fácil e difícil ao mesmo tempo. Parece contraditório este raciocínio.
Fácil porque o relacionamento de irmandade existente e a identificação que daí resultou, aproximou o meu olhar e conseqüentemente abriu as portas do conhecimento e da amizade.
Difícil porque esse conhecimento e essa amizade verdadeira fazem com que o meu olhar se torne mais incisivo ás vezes critico, ou ousado.
Já fizemos muita coisa juntos, em termos de criatividade de entre ajuda de lazer e de saber.
Mais uma vez tento colocar a amizade de lado para analisar o Artista Bel Borba. Neutralidade neste caso é difícil.
Unanimidade é a palavra para descrever este homem simples de nome Borba.
A identificação entre as pessoas acontece, quando há algo em comum ás vezes basta um traço simples.
Aquariano verdadeiro extremamente rápido de raciocínio e de ações.
Observar Bel a produzir é extraordinário e interessante, produz e cria,
Com uma rapidez incessante, não pára enquanto a sua criação não está terminada.
Andar pela cidade de Salvador e vê-la decorada pelos trabalhos de Bel é uma satisfação.
Transformou Salvador numa galeria de arte, onde todos possam ter acesso. Paredes, muros, encostas, casas, todo o local possível, Bel faz as suas intervenções de mosaicos de azulejos e de esculturas.
O artista mais multifacetado da sua geração.

A acessibilidade é a grande relevância da sua obra, tornou acessível a todos, aquilo que se presumia que era só para alguns...

Com isso, a imensa visibilidade das suas intervenções. Pinta, esculpe, desenha, trabalha com os mais variados materiais, inovador e criador por excelência, os seus trabalhos sempre surpreendem pela sua contemporaneidade: Madeira, barro, ferro, acrílico, materiais recicláveis, tudo serve para este homem/menino se auto-recriar.
Como ser humano Borba é imenso, idêntico á sua obra...

Carla estava grávida, radiantes e felizes com a notícia estávamos todos.
Momentos únicos na vida de qualquer mulher e ainda o primeiro filho.
Combinamos uma coisa; se fosse menino ela escolhia o nome da criança se fosse menina escolheria eu.
Os meses que se seguiram até Janeiro de dois mil e cinco, foram de extrema felicidade, Carlinha ia ser mãe e toda a sua doçura e carinho transportava para aquele ser que germinava dentro do seu ventre.
O seu rosto começava a mudar aos poucos e a sua fisionomia igualmente, sorria com facilidade, parecendo querer dizer alguma coisa, a quem olhava para si.
Começava a notar com maior freqüência nas outras mulheres grávidas ou com crianças recém nascidas. Olha Ricardo, olha que bebê lindo! Dizia constantemente a futura mãe.
Como que por um passe de mágica, a gravidez veio alterar as nossas vidas, fazendo com que a energia se tornasse única e verdadeira. Iria nascer um ser, resultado de uma união que tinha começado um dia, durante o carnaval.

Um sábado á noite um garçom chamou-me e comunicou-me que estava presente no restaurante um senhor que dava pelo nome de Bruno Nunes, que sabia que eu era Português e queria falar comigo.
Na mesa estavam sentados, ele e a sua esposa, uma bonita mulher, elegante e muito bem vestida que chamava a atenção de todos.
Cumprimentei-os e quase de seguida afirmou: Muito bom gosto musical você tem! Sorri e agradeci. Obrigado, porque diz isso? Eu sou músico e é raro irmos a um restaurante e ouvirmos tão boa seleção musical. Agradeci mais uma vez o elogio e solicitei que me trouxessem um cd especial, que eu reservava para momentos como este.
Bruno era músico, compositor e interprete das suas músicas e durante a nossa longa conversa (durou até de manhã) descobri que a sua imensa capacidade de criar era algo inato á sua pessoa.
Ouvimos várias vezes durante a noite esse especial cd: Elis Regina, ao vivo, no Festival de Montreux de setenta e oito... Simplesmente magnífico.
Tornámo-nos amigos do casal passamos muitas noites, jogando buraco e tomando bons vinhos nos nossos respectivos lares.
Daniela Brugni (era modelo) tinha uma filha com Bruno, chamada de Giulia, afeiçoamo-nos imenso a essa criança de dezoito meses, mas que parecia uma adulta.
Questionava tudo e todos, era impressionante a facilidade de comunicação, em tão tenra idade.
Bruno viveu no Rio de Janeiro nos finais da década de oitenta e ficou imbuído do espírito Rock and Roll latente. Conheceu e conviveu com Cazuza e todos da sua geração.
Da sua cabeça saem constantemente criações inusitadas que se tornam realidade.
É um pensador nato de rara subtileza e inteligência.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Décima Quinta Dose de Pílulas do Livro...

Em Portugal por todo o território nacional há uma bebida que é feita da Uva e que foi introduzida pelos Romanos na Península Ibérica.
Digo em todo o território porque existem várias Regiões Demarcadas de produção de Vinho.
A Região Demarcada mais antiga do mundo é a do Douro, no norte de Portugal, perto da cidade do Porto, que dá origem ao nome do vinho mundialmente conhecido e que se bebe antes ou depois das refeições.
Comecei a interessar-me por Vinho aos meus vinte e quatro anos de idade quando um amigo Tó Manuel começou a ensinar-me a “Arte” de tomar vinho... Vinho não se bebe toma-se, dizia o Tó.

Parece estranho, mas é verdade.

Toma-se porque o ato de bebê-lo é antecedido, por todo um ritual que desperta os nossos sentidos primários, cheira-se, molha-se levemente os lábios, deixa-se o vinho respirar e por fim está pronto a ser degustado.
Existem vinhos que são autênticos néctares dos deuses.
“Baco” bem sabia disso...
Tó Manuel Alfacinha de gema e esquerdista nato viveu toda a fase de luta antifascista que antecedeu a Revolução dos Cravos.
Ele e os seus amigos da Boemia Lisboeta circulavam pelas tascas Alfacinhas, provando a essência das Castas vinícolas Portuguesas e discutindo o futuro de Portugal e dos Portugueses, ao som de Zeca Afonso, Vitorino, Adriano Correia de Oliveira e outros.
Para começar a interessar-se por vinho tem de se provar tipos de vinho, de várias castas e sabores e anos, para que o paladar fique apurado e selecionado.
Como evidente é, vão-se descobrindo paladares diferenciados, de acordo com as regiões, solos, sais minerais, tipos de uva, misturas de castas e ano da vindima, a qualidade vai aumentando e a exigibilidade também.
Tendencialmente quanto mais anos estiver o vinho na garrafa, guardado deitado na horizontal, em boas condições de umidade e temperatura e com uma boa cortiça como rolha, melhor a sua qualidade.
O vinho evolui na garrafa ao longo dos anos.
Para uma melhor degustação desse vinho, convém abri-lo no mínimo, uma hora antes, para que ele possa respirar o tempo suficiente e os seus paladares apurarem em contato com o oxigênio.

Com outro amigo de trinta anos de pura e verdadeira amizade, pude viajar por todo o Portugal, visitando as Adegas Cooperativas do Alentejo e não só, adquirindo nas feiras vinícolas, autênticos néctares, enquanto as nossas esposas faziam outras compras, nós dávamos uma escapadela e íamos para o setor dos vinhos, discutir preços e qualidade.

A esse amigo irmão eterno “Miguel Cunha”, saudações vinícolas.

Tive o prazer de tomar e degustar vinhos de boa qualidade de vários países, mas nesse caso eu sou nacionalista nato.
Sem petulância nem arrogância, o que falta aos vinhos de alguns países, tem o português.

“Vinho com alma só o Português”...

Estas informações que adquiri na minha vida, provando e conhecendo vinhos, tentava ensinar aos meus colaboradores, para que pudessem melhor servir os clientes.
E aprenderam um pouco dos meus limitados conhecimentos.
Aos clientes e amigos mais chegados, sempre que possível criava um dia para degustação de vinhos, portugueses e não só, onde aqueles momentos juntos da “Amendoeira” se tornassem únicos e pudesse contribuir, mesmo que em pequena escala, para um melhor conhecimento e aprofundamento dessa bebida dos Deuses.
Consegui que alguns fornecedores utilizassem o espaço, para lançamento e prova de algumas das suas marcas de vinhos.
O Paraíso Tropical estava a tornar-se um ponto de referência, dentro da sociedade baiana e eu sentia-me satisfeito.

Perto do nosso Restaurante foram aparecendo e abrindo aos poucos outros negócios, várias casas comerciais, que davam ao bairro um ar mais alegre vivo e movimentado.
Data certa não me recordo exatamente qual, sei que em meados do mês de Agosto de dois mil e quatro, estava a almoçar com Carla por volta das quatorze horas na varanda e vejo uma senhora elegante, dirigir-se a mim.
Boa tarde, você é o Ricardo? Levantei-me assim que a senhora se aproximou, estendi-lhe a mão e cumprimentei-a, boa tarde, sou; em que posso ser útil? Carla já a conhecia era Luzia Santana – Jornalista da TV Salvador (pertencente á TV Bahia, filial da Globo) – que tinha um programa “Nomes” de enorme sucesso – Começamos a conversar, convidei-a para sentar-se junto a nós, ao que acedeu de imediato. Que espaço maravilhoso vocês têm aqui. Obrigado (a) respondemos quase em uníssono.
Gostaria de fazer uma entrevista, aqui neste local a Lucila Diniz que amanhã vai lançar um livro aqui em Salvador, sobre a sua experiência pessoal de emagrecimento.
Claro, prontamente respondi, será uma satisfação, o espaço é seu, disponha.
A varanda ficava num local estratégico do restaurante, dali se observava toda a área externa e a praça na rua.
Era toda decorada com alguns objetos de artesanato Mineiro.
Existia junto á parede com os azulejos portugueses da década de cinqüenta, um banco grande coberto de almofadas feitas de esponja e de um tecido ás riscas vermelhas brancas e amarelas.
Do mesmo tecido e cor das almofadas, eram as cortinas que cobriam os vidros das duas laterais da varanda.
Em cada canto estavam duas mesas de madeira com tampo redondo e pé de alumínio.
Uma de seis lugares e outra de oito lugares, para além de mais três mesas de tampo quadrado.
Lucilia Diniz chegou passados alguns minutos.
Fomos apresentados por Luzia Santana, Carla fez as honras da casa, falando um pouco da história da nossa gastronomia.
A entrevistada ia lançar um livro sobre emagrecimento e foi logo, para um restaurante de comida baiana... Que contradição.
Antes pelo contrário, o mestre tinha desenvolvido um prato inovador chamado de Moqueca Vegetariana. Explicado como era o prato, Lucilia acedeu experimentar.
A entrevistada respondeu ás perguntas da Jornalista e de seguida, sentou-se á mesa para calmamente desfrutar da sua refeição.