quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Trigésima Primeira e Última Dose de Pilulas do Livro...

Passaram-se mais uns meses até Outubro de dois mil e seis, altura em que acordei certo dia e resolvi naquele preciso momento que o Banquete tinha chegado ao fim e o Templo fecharia as suas portas até outra doutrina de vida aparecer e resolver reatar com novas mensagens.

A minha doação existencial acabara.

O processo naturalmente evoluiu para o seu término.

Outros rumos, diferentes caminhos, teriam de serem traçados por mim, sempre pensando que sem passado o presente não tem qualquer significado.

Recebemos muitas visitas e presenças ilustres durante todo o período de construção e estruturação desse grandioso projeto, muitas linhas ficaram por escrever, muitas histórias deveriam ser contadas e não foram, algumas por lapso, outras porque não seria correto da minha parte, explanar questões pessoais e particulares até porque, as pessoas relatadas e descritas são indivíduos que merecem o meu total respeito consideração e admiração.

Pretendi mostrar através destas histórias soltas que se misturam no tempo, alguma da minha pequena e humilde vivência e convivência.

A razão de todos estes pequenos laços temporais descritos nessas linhas deve-se á sugestão de alguns amigos.

Durante todo o período em que tive a primazia de comandar os dois projetos, criei laços de amizade com algumas pessoas que se mantêm até este dia.

A todos os que me apoiaram e que me ajudaram, aos meus colaboradores sem exceção, á minha família em Portugal que sofreu com a minha ausência, aos meus amigos íntimos que estiveram sempre de braço dado comigo e principalmente á Carla e ao grande mestre Beto, o meu mais sincero obrigado,

A Todos Bem Hajam...

Até Sempre, Até Breve.

Salvador, Abril do Ano de Dois Mil e Dez.


“DEDICO ESTE LIVRO A SALVADOR CIDADE MATRIARCAL QUE ME ACOLHEU E ONDE VIVI INTENSAMENTE ESTES ÚLTIMOS ANOS... A IVAN, GRANDE MENTOR DAS OPORTUNIDADES, A BEL QUE ESTEVE SEMPRE PRESENTE EM TODOS OS MOMENTOS, À GUIDA E À FABIOLA, MENINAS MULHERES E BAIANAS DE GEMA, QUE TUDO FIZERAM PARA QUE EU CONSEGUISSE INTERESSAR-ME POR ESTE PROJETO E AOS MEUS ORIENTADORES SECULARES E DE OUTRAS ERAS, IRMÃO FRANCISCO, IRMÃO PALMINHA E IRMÃO NATIVIDADE”.





segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Trigésima Dose de Pílulas do Livro...

Após o maravilhoso show em que tivemos a satisfação de ouvir “A Voz” Nana Caymmi, fomos convidados para ir ao camarim do Teatro Castro Alves, conhecer pessoalmente todos os extraordinários músicos que participaram do momento.

Nana, Danilo e Dori Caymmi, Paulo Jobim, Daniel Jobim e Paulo Braga.

O jantar de confraternização seria no nosso Restaurante no Rio Vermelho.

Juntamos várias mesas formando um quadrado imenso, de forma a que todos pudessem conviver o mais perto possível uns dos outros, durante a ceia.
Em são convívio estivemos até de madrugada, eu escutava tudo com atenção, que satisfação...

Coloquei uns dos meus CDs preferidos, Elis Regina em Montreux ao vivo.
Todos a ouviam, mas a surpresa estava para vir.

Adailton falando um pouco mais baixo e dirigindo-se a mim disse: Ricardo quem está aqui na mesa é Paulinho Braga, um dos maiores bateristas de todos os tempos e que tocou nesse Show Antológico com Elis Regina.
Fiquei sem palavras, olhei-o atentamente, mas nada disse, pois pareceria indelicado, apetecia-me questioná-lo sobre tudo o que teria acontecido nesse espetáculo que ficou para a história do festival e da carreira de Elis.
Conversei bastante com Paulo Jobim, ficou sentado ao meu lado e pudemos trocar algumas idéias sobre música e não só.
Contou algumas pequenas histórias interessantíssimas sobre o senhor seu pai o Maestro António Carlos Jobim.

Naquela noite fui para casa como uma criança que ganhou vários presentes no mesmo dia, preenchido...

A Meio do ano de dois mil e seis, no inicio do mês por motivos de força maior, tive de deslocar-me a Lisboa, para resolver alguns assuntos particulares.
Para não deixar o Restaurante sozinho, deixei a minha mulher á frente do negócio.

Voltei num Sábado á noite...

Apanhei um táxi e vim o caminho todo pela paralela, a pensar no filme que por vezes criamos fazendo o enredo á nossa maneira e colocando os personagens de acordo com o nosso ponto de vista.
Toda a minha vida estive particularmente ligado á área financeira, onde trabalhei durante alguns anos, estava agora prestes a ceder a novas tentações, tinham-me feito algumas propostas para que o retorno se desse o mais rápido possível, teria de pensar e repensar todo o processo evolutivo que tinha acontecido nestes últimos meses da minha existência.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Vigésima Nona Dose de Pílulas do Livro...

Três dias depois, data muito especial, fazia quarenta anos de idade.

Na praça dentro do restaurante, convidei os amigos mais íntimos e alguns conhecidos talvez umas quarenta pessoas.
Não me referirei a nomes, mas há um que devo mencionar, pela sua magia de voz e de presença.

Altay Veloso, grande mágico entidade que canta com o coração.

Até hoje passados alguns anos, algumas pessoas quando me encontram recordam-se daquela noite, em que tiveram o privilégio de ouvir a voz que chora e que faz chorar.
Altay se dispôs a cantar naquele circulo restrito, musicas da sua Ópera “Alabê de Jerusalém”.
A obra nasceu da sua convivência com os tambores africanos no quintal da sua casa, do gosto pela música erudita desde criança e dos cultos ecumênicos que presenciou na casa da sua avó.
Demorou mais de vinte anos a criar a sua grande obra, impulsionado pela fé e perseverança de alguém que acredita que tudo é possível quando insistimos nos nossos sonhos.
A paz que transmite a cada nota, a tranqüilidade da sua postura, ficará registrada nas nossas mentes.

Pelos rostos corriam lágrimas de emoção...

Jota Velloso e Mauricio Pessoa, precisavam lançar o selo de gravação da sua gravadora, para o efeito e como havia um palco montado solicitaram-me o espaço para fazer um evento com um show á mistura.
O selo chamava-se “Os Cavaleiros de Jorge” e o show seria com D. Edith do Prato e as vozes da purificação de Santo Amaro, Ilê Ayê, Riachão, Jota e Mariene.
Assim aconteceu, o espaço estava agora também a ser utilizado para divulgação de eventos musicais.
A cantora Joana comemorou a sua carreira igualmente no nosso restaurante com um coktail organizado pelo País Tropical.
A grande Representante e Interprete da língua Portuguesa e de Camões no mundo, Maria Bethânia, deu-nos a honra de comemorar o aniversário de carreira musical com um jantar em família, que teve a participação da matriarca D. Canô.

Muita honra e imensa responsabilidade...

Dois dos grandes produtores musicais do Brasil, Adailton e Yeda, que já produziram todos os nomes sonantes da MPB, organizam todos os anos em Salvador alguns shows de Bossa Nova, no Teatro Castro Alves.
Esse ano não seria diferente...
Como é fácil fazer amizade com indivíduos simples e bonitos.
Adailton e Yeda são um casal particularmente bonito pela sua extraordinária simplicidade.
Freqüentavam o nosso restaurante com alguma assiduidade e por isso mesmo criamos laços de amizade e respeito.
Esse ano traziam para o Teatro Castro Alves duas famílias muito importantes na história da Bossa Nova da música Brasileira e Universal.

Famílias Caymmi e Jobim cantando António Carlos Jobim – O Maestro.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vigésima Oitava Dose de Pílulas do Livro...

A freqüência do restaurante e de nomes sonantes mantinha-se quase que diariamente e sempre que viessem a Salvador, Arnaldo Antunes, Vanessa da Mata, Rita Lee, Zélia Duncan, Chico Cesar, Marcos Paulo, Milton Nascimento, Paulo Jobim, Paulo Braga, Carlinhos Brown, Adriana Esteves, Elba Ramalho, Lulu Santos, Taís Araujo, Lázaro Ramos, Wagner Moura, José Carlos Aleluia, ACM Neto, Caio Blatt, Eliana e muitos outros que prestigiavam a nossa culinária e o nosso espaço com a sua estimada e dignificante presença.

Aproximava-se a festa do Rio Vermelho estruturei e preparei um enorme evento que se realizaria no dia dois de Fevereiro.
Arranjei alguns patrocinadores de peso, Dinners Club, Martha Paiva, Chandon, Hagen Daas e outros tantos.
O sempre amigo Bel Borba criou uns azulejos, dez para serem sorteados. “Com o apoio do Dinners Club e da Redecard, construímos um palco de madeira para o evento, onde cantaria a artista ‘Mariene de Castro”, chamamos de São Paulo a modelo baiana negra “Rojane Fradique” que vestiu uma peça propositadamente criada pela grife “Martha Paiva” e que simbolizaria a nossa Yemanjá.

A feijoada estava montada.

Por volta do meio dia começamos a servir os nossos convidados que iam chegando pouco a pouco. Por volta das três da tarde, não cabia mais ninguém dentro do nosso espaço, estávamos com dificuldades, para limitar a entrada de algumas pessoas, que não tinham camiseta, mas que eram conhecidos ou amigos.

Não pensamos que ficasse tão cheio.

Eu tinha combinado com os garçons que o Espumante e o Sorvete seriam servidos ao mesmo tempo, a partir de meio do show da Mariene de Castro, antes servir-se-ia o costume em todas as festas.
O sorteio dos azulejos de Bel foi feito, chamado ao palco, tive de dizer algumas palavras, perante todos os convidados, agradecendo o apoio de todos os patrocinadores.
A festa estava super animada, já se comentava que há imenso tempo não havia algo parecido.
Tinha ido ao aeroporto durante a manhã, buscar Rojane Fradique, que estava hospedada no Hotel Pestana.

Rojane entrou, desceu as escadas, vestida de longo azul, estava deslumbrante a nossa Yemanjá negra e Baiana.
Os jornalistas presentes aproveitaram o momento para tirar as fotos todas.
Por volta das cinco e meia da tarde, começou o Show de Mariene de Castro, Mariene tem uma voz maravilhosa e o seu repertório baseia-se nos sambas de roda do recôncavo baiano.
No palco ela cresce imenso, parece que tem o dobro da altura, é realmente uma sensação de energia coletiva que esta artista baiana transmite nos seus shows.
Naquele dia ela estava com um vestido branco, rodado e todo bordado, criado pelos estilistas Soudam & Kavesky, nos braços várias pulseiras.

Desceu a escada cantando no meio das pessoas, com o seu sorriso de menina môça do recôncavo baiano.
Era casada com Jota Velloso (sempre carinhoso amigo), sobrinho de Caetano e de Bethânia, cantor, compositor e poeta de Santo Amaro.
Mariene tomou conta do ambiente, ninguém ficava parado, a voz dela é elevada, canta gesticulando, fazia lembrar-me um pouco a falecida Clara Nunes, estavam vários artistas presentes, assistindo ao show e participando da festa, lembro-me do meu amigo, ”Altay Veloso” que veio propositadamente do Rio de Janeiro, (grande compositor brasileiro que compôs a primeira opera negra da história musical do Brasil Alabê de Jerusalém, e que tive a honra de ser convidado para a pré-estréia no Canecão).
Estavam todos os presentes homenageando-me, até tinha vindo Ivan Trilha e a Presidente do Banco Rural Kátia Rabello.
Começaram a servir o espumante brut e rosê juntamente com o sorvete, que chique...
Mariene de Castro descia ás vezes do palco e sambava com os convidados, todos tentavam acompanhar o seu ritmo, havia duas pessoas especialmente animadas naquele momento, dancavam lindamente, a sobrinha Carla e a tia Denise. A festa terminou lá pelas onze horas da noite, lembro-me que ainda fomos para casa de Filomena Moura.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Vigésima Sétima Dose de Pílulas do Livro...

O segundo passo e também imediato seria mudar tudo o que tivesse o nome do anterior restaurante; Cardápios, Aventais, Totem, Site, Cartões, Folders, Publicidade, Divulgação, etc.
O terceiro passo urgente a ser tomado era introduzir uma nova culinária que contemplasse novas opções de escolha para o cliente.
A culinária anterior mantinha-se com substanciais alterações.
Retiramos com a concordância da nossa Chef Maria de Lourdes, que agora tinha a responsabilidade total da culinária, alguns itens do cardápio, que eram difíceis de encontrar.
Fizemos também alterações nas moquecas, tornando-as mais simples sem alguns dos produtos que Beto utilizava.
Criamos algumas sobremesas, que se tornaram sucesso, como Mousse de Cupuaçu com Calda de Frutas Vermelhas, ou a nossa Mousse de Chocolate com Coco Verde.
Retiramos a travessa de frutas oferecidas aos clientes e introduzimos alguns pratos da culinária Portuguesa.
Para o efeito dirigi-me algumas vezes a Itaparica, onde passava normalmente e sempre que podia os meus finais de semana e comecei a observar um Português que habitava por lá e trabalhava numa pousada de um Alemão. Bel chamou-me a atenção para o cozinheiro Paulo Jorge...

Fazia um bacalhau no forno gratinado chamado de Zé do Pipo, uma verdadeira delicia...

Conversei longamente com o Paulo Jorge e contratei a sua consultoria e assessoria por dois meses, tempo suficiente para ele preparar os novos pratos e ensiná-los aos cozinheiros e principalmente á Chef Maria de Lourdes. Adequamos os utensílios á nova culinária, adquirimos um forno rápido e criamos outras iguarias.

Bacalhau no Forno regado a Azeite de Oliva e acompanhado de Batatas ao Murro, Arroz de Polvo e Marisco (que era o melhor arroz de polvo de toda a Bahia, de acordo com os nossos clientes, que vinham de outras cidades do estado), Chouriço Assado na Brasa na mesa em frente ao cliente (para o efeito mandamos fazer vários assadores de barro para o chouriço), no fundo internacionalizamos a culinária.

Expliquei ao grupo de colaboradores que de comum acordo os dois restaurantes estavam a seguir rumos diferentes, na tentativa de viabilizar ambos os projetos.
A quarta alteração teria de ser através da imprensa.
Marquei uma reunião com a Assessoria e solicitei que convidassem alguns jornalistas e formadores de opinião para o “País Tropical” apresentar a nova face do restaurante.
Tinha havido uma reestruturação gastronômica, seria necessário dar a conhecer a nova faceta, através de um jantar.
A reestruturação do País Tropical tinha dado os seus frutos e o movimento no Rio Vermelho continuava dentro da normalidade, claro que tivemos de fazer alguns investimentos em divulgação, até porque os que existiam eram anteriores á reestruturação.
Todos os clientes perguntavam o porquê da mudança do nome! Sempre respondíamos com o máximo rigor e zelo. Tínhamos seguido caminhos diferentes, mas com um único objetivo; viabilizar ambos os projetos.
Somente isto...
Contratamos uma empresa de Salvador para fazer um estudo rigoroso de viabilidade financeira e consultoria.
Deveria ter sido feito no inicio, em Abril de dois mil e quatro...
Foram detectadas algumas incongruências, algumas irregularidades.
Fez-se a ficha técnica de todos os pratos, mediram-se produto a produto, item por item, e conseguiu-se o custo de tudo o que se vendia no restaurante. Fizeram-se algumas alterações mediante o estudo terminado.
Tardias talvez...

Finalzinho do ano de dois mil e cinco. Esse Réveillon passamo-lo em Itaparica, na praia com a companhia de Bel, Bruno e Daniela, a linda Giulia e mais dois casais de amigos, tomando o banho da meia noite, bebendo Champagne e pedindo aos deuses que nos dessem saúde, paz, harmonia e muito amor nos nossos corações.
Noite diferente, talvez porque fosse a última desse ano repleto de imensas alegrias e algumas desilusões que nos faziam refletir sobre o dia de amanhã... E o amanhã era ali logo de seguida...
Interessante,deveras intrigante.
Momento espontâneo, milésimo de segundo e estávamos em Dois Mil e Seis como se de uma barreira se tratasse, será que o tempo pode ser ultrapassado numa correria desenfreada.
E a busca desse novo horário temporal, mudaria as nossas vidas...?




segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Vigésima Sexta Dose de Pílulas do Livro...

Mas a grande paixão de Carlos Vasconcelos era o amor mais proibido de toda a historia de Portugal ao longo dos séculos.

Sentia-se o interesse com que contava a história de “Inês de Castro e do Príncipe D. Pedro”.

-Segundo a lenda - dizia Carlos - Inês de Castro conheceu D. Pedro nos Paços Reais em Coimbra, onde hoje fica a universidade.
A sua beleza fez com que o Príncipe herdeiro se apaixonasse de imediato.
Inês vivia no Convento de Santa Clara-a-Velha e era nesse local que recebia as cartas proibidas de Pedro.
As difíceis relações entre o reino de Portugal e Castela haviam de originar um final trágico para essa história de amor que permanece até aos dias de hoje.

- Neste momento o nosso amigo Português, franzia a testa, como que se preparando, para contar o desfecho.
- No inicio de Janeiro de mil trezentos e cinqüenta e cinco D. Afonso IV, pai do Príncipe Herdeiro, decide mandar matar Inês de Castro.
Ela é assassinada em sete de Janeiro do mesmo ano, no Paço de Santa Clara.

Passados dois anos, D. Pedro é coroado Rei de Portugal e o seu grande objetivo, foi elevar Inês de Castro a Rainha de Portugal e desafiar toda a eternidade com o grande amor que viveu...

Carlos Vasconcelos era um romântico por excelência...

Decidimos em Setembro viajar para Portugal aproveitando o finalzinho do verão e descansarmos um pouco desta movimentação.
Estávamos a precisar relaxar a tensão provocada por sucessivas e conturbadas questões de sociedade.
No inicio ficaríamos duas semanas em Lisboa e depois regressaríamos o negócio assim o exigia.

Tivemos de regressar antes do previsto.
Problemas no restaurante.
Voltei, conversamos longamente e decidimos separar os negócios.
Tudo foi efetuado da minha parte, com a maior das tranqüilidades e civismo.
Fiquei muito triste com o que estava a acontecer.
O desgaste tinha sido enorme, para todos nós envolvidos neste projeto desde o primeiro dia.
A situação estava bastante tensa, mas controlada, a culpabilidade existia dos dois lados, é difícil errar sozinho, eu reconhecia alguns excessos e atitudes mal tomadas, tudo fiz para que todo o projeto continuasse por tempo indeterminado, mas o destino assim o quis, e a separação foi inevitável.
Que pena, diziam todos os que circulavam ao nosso redor,
Vocês faziam uma equipe de alto nível, afirmavam isso nunca era para acontecer...

O que fazer agora? Perguntava a mim mesmo, mas não obtinha resposta rápida...
Amigos conhecidos e freqüentadores do espaço opinaram sobre as alterações que deveriam acontecer com a maior urgência possível.
Mudanças, claro, mas que tipo de mudanças!

Devo confessar que passei longas noites em claro sem conseguir sequer dormir nem descansar o suficiente. Carla estava preocupadíssima e eu haveria de arranjar uma solução...
Dificuldades existem para as ultrapassarmos, pensava eu, nas longas noites revirando de um lado para o outro. Ouvi muito atenciosamente, um ou dois amigos mais íntimos, a quem devia a maior consideração e atenção, pois sempre foram pessoas de extrema confiança.
A primeira coisa a ser feita, era mudar o nome do restaurante, consultamos algumas empresas de registro de patentes e decidimos por País Tropical.
Assim foi feito...
O nome passaria para “País Tropical”.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Vigésima Quinta Dose de Pílulas do Livro...

- Ricardo precisava da tua ajuda, queria organizar um desfile de moda, com alguns modelos para apresentação á imprensa especializada da minha coleção.
- Em que moldes? Perguntei. Quem fará a produção?
Carla já tinha tudo pensado.
O desfile foi um sucesso.
Pelas escadas foi montado todo um aparato estético/decorativo que resultou para a nova designer de acessórios de moda, numa noite triunfante.
Os seus colares e pulseiras seriam escolhidos pelos estilistas Soudam & Kaveski para desfilarem na passarela no Barra Fashion desse ano.

Eu refletia... Naquela casa, naquele espaço, tudo seria possível de acontecer. Não era um simples lugar de gastronomia.
Local de encontro de gentes, de prosas, de cultura, de artes visuais, de moda, de músicos e de música... Das mais variadas expressões artísticas.

Ed Motta é um apaixonado pela enólogia e gastronomia para além de músico de excelente qualidade.
Adorava sentar-se para almoçar na companhia da sua Edna e experimentar alguns pratos da nossa culinária.
Troquei com ele alguns conhecimentos sobre gastronomia portuguesa e enologia de Portugal.
Perdiamos-nos pelas tardes de Salvador, sentados, em longas conversas sobre nomes de vinhos, castas e anos de fabricação...
Exímio conhecedor de bons vinhos Portugueses e não só, confidenciou-me que tem um grupo no Rio de Janeiro, que se encontram periodicamente para tomar vinhos escolhidos a dedo.
Em Lisboa para onde vai todos os anos, conheceu uns patrícios, de quem se tornou amigo, que são proprietários de um restaurante num bairro que se chama Benfica, que dão a conhecer, algumas relíquias da culinária Portuguesa, Acorda de Marisco, Pataniscas de Bacalhau com Arroz de Grelos, Bacalhau á Lagareiro, Cabrito Assado no Forno com Batatas ao Murro, regados com bons vinhos tintos e brancos lá da terrinha; os seus olhos ficavam ainda mais regalados e abertos quando falava da culinária e dos vinhos que partilhava com os seus amigos de Portugal.

Clientes de várias nacionalidades freqüentavam o restaurante, principalmente Portuguesa vinham indicados pelo Hotel Pestana que ficava sito no Rio Vermelho, próximo ao Restaurante.
Perguntavam por mim aos colaboradores, queríamos falar com o Ricardo Alves, eu aparecia e por vezes fazíamos amizade.

Carlos Vasconcelos de seu nome, Português de Coimbra a capital do fado de capa e batina, o fado dos estudantes universitários, tornou-se meu amigo.
Passava por Salvador em negócios e viajava para outras capitais Brasileiras.
Mesmo que só ficasse um dia em Salvador, nunca deixava de me visitar e isso me honrava muito.
Adorava conversar, contar histórias e saber novidades. Era sedento por informação.
Homem de negócios, engenheiro agrônomo de formação, vinha ao Brasil visitar as suas fazendas um pouco espalhadas por este imenso e grandioso país.
Adorava falar da sua Coimbra, dos seus encantos, da sua rica e imensa história.
Dissertava sobre a medieval imponência da Sé Velha, dos traços Manuelinos existentes na Igreja do Mosteiro de Santa Cruz, das memórias árabes, cristãs e judaicas de séculos, que Fernando Martins de Bulhões (Santo António) – viveu em Coimbra na hoje igreja de Santo António dos Olivais, da Universidade de Coimbra fundada pelo Rei D. Diniz em mil duzentos e noventa, da Biblioteca Joanina em estilo barroco, construída no Reinado de D.João V, uma série de conhecimentos e informações sobre a cidade onde tinha nascido e crescido...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Vigésima Quarta Dose de Pílulas do Livro...

Na lateral direita da casa existia uma área afastada e que ficava isolada do resto do restaurante.
Por sugestão de alguns clientes e amigos, mas fundamentalmente de Ivan Trilha, decidimos aproveitar o espaço e torná-lo área vip.
Pedi ao meu estimado amigo Bel Borba que pensasse em algo para dar maior vivacidade aos metros quadrados existentes.
A meio havia uma palmeira. Então pensamos no seguinte:
Rodear a palmeira com uma mesa redonda de madeira, feita para o efeito.
Colocar no chão calçada portuguesa que já existia no perímetro externo da casa e fazer um pequeno paisagismo, semelhante ao do pergolado e amendoeira.

Mas faltava o mais importante, dar vida ás paredes que rodeavam esta pequena praça.
Então o artista visual Bel Borba, uma das maiores individualidades brasileiras e mundiais em mosaicos, resolveu o problema com a sua mestria e objetividade.

Criou por toda a parede lateral, várias figuras em mosaico branco, como se fossem os guardiões daquele espaço.
A parede tinha ganhado movimento com a presença daqueles pequenos guardiões, alguns com as suas espadas ou com as pequenas lanças em suas mãos, apontando para algum lugar, como que tentando dizer que eles eram os soldadinhos, colocados ali, para proteger a praça.

A praça homenageava Licia Fábio nossa mentora desde o primeiro segundo, por isso na outra parede Bel criou um painel em mosaicos pintados em azul e branco, ilustrando o momento.
Inauguramos a Praça com pompa e circunstância na presença de amigos e imprensa.
O espaço ficou na memória de todos os que por lá passavam, Licia jantava algumas vezes na praça com o seu nome, tinha-se tornado o seu local predileto.
Com um novo espaço dentro do restaurante as opções para eventos tornavam-se melhores.
Aquela área só podia ser aberta ou para jantares com um numero certo de clientes ou para eventos que justificassem a deslocação de colaboradores agregados somente aquele espaço.
Muitos clientes queriam jantar ali, já que durante o dia o calor não permitia a permanência de ninguém e não havia qualquer cobertura, era a céu aberto e em dias de lua cheia, a beleza prevalecia.
Os garçons estavam instruídos a mostrar aos visitantes o novo espaço, servia como visita turística pelas obras vivas que Borba implementara, aproveitavam para tirar fotos e levar consigo de regresso aos seus lares.
A estética e a beleza misturavam-se, naquele pequeno espaço, de lazer gastronômico.
O templo expandia-se com outras mensagens vivas e atuantes...
Bendita seja a criatividade do ser humano, sem ela tudo seria obviamente chato e monótono, as experiências acumulam-se ao nosso redor transportando-nos para lugares imaginados.

Assessoria de Imprensa ajuda a gerar noticias a exp.: lançamento de um novo prato, visita de algum global ao restaurante, jantares promocionais.
Para conseguir-se a divulgação da marca, tem de se estar sempre a trabalhar nos bastidores, para que as novidades surjam e possam ser publicadas.
Um dos meus papeis era esse.
Articular com os nossos assessores de imprensa formas de divulgação do Restaurante Paraíso Tropical quer da gastronomia assim como da imagem do mestre e inovador da cozinha experimental da Bahia.
Com a preciosa ajuda da Via Press e com algumas nuances as coisas iam acontecendo... 
A nossa comunicabilidade existia com alguma freqüência e sempre havia alguma novidade diferenciada, como levar um artista da Globo a jantar no restaurante ou algum cantor de relevância nacional, que visitava Salvador.
Elaine Hazim queria falar comigo, surgiu uma boa nova; que boa nova seria! A produção do programa da Globo de - Ana Maria Braga – ia entrevistar Beto e fazer uma reportagem de como nasceu a sua culinária.
O primeiro objetivo estava atingido, preparávamos de acordo com o que tínhamos planeado a segunda investida na divulgação da imagem do Chef.
Não tivemos infelizmente tempo suficiente para fazê-lo.

Carla tinha em mente desenvolver um projeto pessoal, ligado á criação de uma grife de colares e pulseiras. Alguma coisa que a estimulasse, para além de ser proprietária de um Restaurante.
- Gostaria de fazer algo de diferente! Estive a conversar com as meninas e pensamos em criar uma linha de acessórios; o que achas?
- Se for do teu interesse acho bem, respondi.
- Queria ter outra ocupação para além do Restaurante e até aproveitar a movimentação do mesmo para desenvolver as minhas idéias.
Devido ao seu bom gosto com a moda e tudo o que dissesse respeito á mesma, Carla desenvolveu um projeto interessantíssimo de criação de acessórios para mulheres, que vinham exclusivamente da sua imaginação.
Foi para São Paulo durante um período de tempo, adquirir os materiais necessários á confecção dos seus colares e pulseiras.
Voltou entusiasmada com a idéia de lançamento da sua grife...
Passava dias, com as suas ajudantes, montando as pecas das suas arrojadas criações.
Colares e pulseiras compostos de pedras de várias tonalidades e tamanhos, esteticamente bem organizados e agrupados, faziam aos poucos a coleção a ser apresentada no espaço do Restaurante.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vigésima Terceira Dose de Pílulas do Livro...

A resposta á minha idéia veio positiva, mas com uma pequena ressalva, só tinham verba para três outdoors.
Aceitamos a negociação far-se-ia um lançamento através de um Coktail no Paraíso com a imprensa e convidados em data oportuna.
Borba concordou e a minha agencia começou a tratar de todos os pormenores técnicos com os interessados.
Poucos dias passados, recebo um telefonema do responsável regional, alterando um pouco o que tinha sido acordado.

A verba tinha diminuído e só era possível ser criado um outdoor ao vivo.

Achei estranho aquela súbita mudança, comuniquei a Borba o sucedido, também não entendeu, mas mesmo assim como já tinha dado a sua palavra para o trabalho, concordou em continuar.
Segunda Feira pela manhã cedo, lá estava o andaime e a tela prontos para as pinceladas rápidas e instintivas de Bel Borba.

A tela ficava perto do Itaigara, num cruzamento de muito trânsito e era vê-lo em cima do andaime, dando forma sucessiva ao outdoor gigante pintado ao vivo e que tinha o nome de “Os Pecados Tropicais”.

As pessoas paravam nos seus carros, de dentro dos ônibus os passageiros diziam frases, algumas imperceptíveis, por vezes ouvia-se de lá do fundo da rua um grito: grande Bel Borba... Outros abriam os vidros das suas viaturas, e perguntavam o que era aquilo ali!

O impacto estava criado, a obra do artista em tela gigante, ficaria pelo menos quinze dias de exposição ao ar livre, para todos terem acesso.
Ia com Carla de carro quando olho para o meu lado direito, fiquei estupefato... Não acreditava, não era possível.
Existiam outros outdoors, não pintados ao vivo, com uma loja de roupa, que era igualmente cliente da agencia de publicidade que eu tinha chamado para o projeto. Tinha descoberto o porquê da mudança súbita e da falta de verba.   
A agencia tinha desviado o foco para outros clientes, que eram dela.
Aprendi mais uma lição... Fiquei em silêncio. Carla entendeu, não seria preciso explicar nada, tudo estava á vista e no lado direito da rua.

Em Abril fazíamos um ano de abertura do Rio Vermelho, estávamos a preparar uma confraternização.

Começaram a surgir alguns rumores que me deixaram apreensivo, talvez mal entendidos, ou então boatos que se transformavam em assuntos mais delicados.
Desde o inicio de todo o projeto, soube de pessoas chamadas de amigas do mestre, que faziam de tudo para deturpar o nosso relacionamento.
Nunca me indispus contra ninguém, nem mesmo ouvindo falar de coisas absurdas. Quase sempre apareciam noticias contraditórias de um lado e do outro. Que estranho parecia aquilo tudo.
Os taxistas traziam muitos clientes vindos dos hotéis, mas também muita noticia e algumas informações...

Respeitei e respeitarei sempre o homem, o profissional e o criador Beto.
Sempre que surgia alguma informação menos esclarecida, tanto eu como ele, arregaçávamos as mangas e tentávamos esclarecer... Era ótimo.
As informações cruzadas originavam a maioria das vezes um mal estar de ambas as partes...
Nunca tivemos nenhum desentendimento durante todo o processo profissional e pessoal. Conversávamos ás vezes acaloradamente, mas sempre dentro do respeito mútuo. Acho que o mestre sempre me respeitou da mesma forma que eu o respeitei.
O nosso dialogo sempre funcionou ao mesmo nível e á mesma distância.
Os problemas financeiros faziam alguma mossa séria no nosso relacionamento pessoal e profissional.
Chegado o inverno o movimento decaiu substancialmente tanto no Rio Vermelho, como no Cabula, estávamos todos nervosos, despesas para pagar e as receitas baixíssimas. Com o Rio vermelho aberto e ainda por cima inverno, o faturamento do Cabula derrapou. Ninguém ia para longe, muito menos chovendo. A beleza do Cabula acontecia durante o dia e com sol; para se observar a natureza, as arvores e os frutos.

Pode-se gostar muito da gastronomia, mas existem condicionalismos que limitam o deslocamento das pessoas.

As medidas teriam de ser enérgicas, decidimos limitar o quadro de pessoal, reduzir algumas pessoas e despesas e fazer um novo investimento, pois a área do pergolado era imprescindível para o bom funcionamento do Rio Vermelho.

A chuva não dava tréguas nos meses de Junho e Julho, seria necessário colocar-se um toldo que cobrisse toda a área do pergolado e onde os clientes, pudessem ficar.

Apesar dos orçamentos serem bastante caros, optamos por um toldo que abrisses e fechasse manualmente.
Colocamos o toldo, mas viemos a descobrir que não seria de maneira alguma a solução ideal, porque quando chovia fortemente, a área externa ficava totalmente alagada. Talvez no projeto inicial do restaurante, na reforma, devesses ter sido contemplado uma área externa totalmente fechada por vidros transparentes e portas e que pudesse ser aberta unicamente em alturas que não chovesse.
Estávamos há um ano abertos e aos poucos descobríamos que os clientes é que nos dão o sentido das falhas.
Perdemos imensa clientela, pela questão referenciada.


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Vigésima Segunda Dose de Pílulas do Livro...

O vício do mestre o cigarro conduziram a duas realidades, distintas, mas provocadas ambas pelo fumo.

Beto infelizmente sofreu um infarto em cinco de março desse ano e teve internado algumas semanas...
Deixei de fumar nesse mesmo dia, assim que vi que, mais tarde ou mais cedo poderia acontecer comigo...

Quando tiramos algumas ilações de coisas negativas e as transformamos em exemplos benéficos para nós, estamos a ser no mínimo inteligentes.

O mestre transformava tudo em brincadeira, mesmo as situações complexas se tornavam hilariantes.
Fez um cateterismo e colocou duas argolas nas artérias, a sua alimentação muito natural e o fato de não parar um minuto o ajudaram a ultrapassar este pequeno contratempo, segundo informação médica.
De médicos não gostava nem de ouvir falar, tem algumas mazelas que o incomodavam, mas ninguém consegue levá-lo a uma consulta médica. Um dia nem eu sei como, fui buscá-lo pela manhã ao Cabula e acedeu a ir a uma consulta com um Angioplasta... Milagre.

Naturalista por excelência leva a vida, como a vida o levasse...

Dias após o infarto, começou a querer fumar dentro do hospital, reclamava da comida que não tinha sabor, (era verdade, mas o estado de saúde exigia cuidados) conseguiu ninguém sabe comprar um cigarro por um preço exorbitante e fumá-lo, como se fosse pela primeira vez.
Carla não gostou quando soube da história, eu sorria, porque sabia que aquele homem vivia sempre no seu próprio limite, desafiando alguns paradigmas e conceitos pré-estabelecidos.

Se não fosse um desafiador com uma imaginação fértil e com um conhecimento agregado ao longo dos anos, nunca teria conseguido criar essa maravilhosa culinária experimental baiana.
Voltou a fumar passados algumas semanas, eu parei para sempre, pelo menos até hoje.

Alguns  amigos se juntavam ao final da tarde, para tomar um vinho e fumar um charuto perto da árvore bendita.
Reinava por vezes uma paz uma tranqüilidade naqueles finais de tarde sem chuva e com uma pequena brisa, que refrescava quem ali ficava.
Bel, Dudu, Tom, Rui, por vezes Ivan, quando estava em Salvador, Bruno, Licia, apareciam sempre que o trabalho permitia, para relaxar e jogar conversa fora, ou tratar de assuntos mais sérios.
O espaço mais parecia um SPA que convidava ao relaxamento.
Quem me quisesse encontrar, sabia que quase todos os dias eu me sentava por alguns minutos, naquele preciso lugar, olhando para o nada ou simplesmente pensando em coisa nenhuma.
Ter um restaurante já é bastante cansativo e trabalhoso, mas um Paraíso que movimentava tanta coisa, ainda se tornava mais difícil, então aqueles momentos eram sagrados.

As empresas procuravam-nos com propostas de parcerias, nem sempre vantajosas, para o nosso negócio.

Tínhamos participado da Casa Cor, com um espaço especialmente criado para nós junto ao mar, nos armazéns da Codeba, deu-nos alguma visibilidade e muito trabalho de logística, entramos em alguns eventos e não eram poucos, como parceiros, (sem usufruir de verba alguma) divulgando alguma culinária nossa, ou os nossos famosos sucos ou as nossas famosas Roskas, propunham-nos permutas que não eram do nosso interesse, todos os santos dias aparecia alguma coisa.
Bons negócios são raros, mas existem.

O Hipercard tinha um cartão super popular com pouca penetração nas classes mais favorecidas, o seu departamento de Marketing fez um estudo de mercado e chegou á conclusão que haveria necessidade de agregar algumas marcas de qualidade, como o Paraíso Tropical ao seu nome.
Para o efeito nos contatou, tentando sentir quais seriam as nossas necessidades prementes.
Foquei que no meu ponto de vista, brindes dentro do nosso espaço não agregariam nada de novo, pois levaria o cliente a pensar que era mais uma ação de divulgação como outras anteriormente feitas pela marca.
Perguntaram o que eu sugeria de novo.

Na realidade, se a marca quer adicionar novos elementos que valorizem e que em médio prazo o consumidor olhe para o cartão sem relutância de tê-lo, temos de valorizar a imagem do cartão de crédito.

Sugeri na mesa de reunião com o responsável e diretor regional, que se criassem sete outdoors espalhados pela cidade, onde o artista visual Bel Borba, pintasse ao vivo durante alguns dias intercalados, para criar um impacto na população de Salvador e na mídia.
Para o feito seriam colocadas estruturas em locais chaves, com uma tela em branco, a anunciar que Bel Borba estaria presente no dia tal.
A idéia foi prontamente aceite, pelos responsáveis do cartão Hipercard, só me pediram uns dias para terem o projeto aprovado pela administração em São Paulo.

Vim a conhecer depois, o Administrador e Presidente do Cartão, Ivo Vieitas, com quem tive uma ótima relação pessoal, tornou-se nosso cliente assíduo e mais que pareça estranho, vinha de São Paulo, propositadamente, só para comer o nosso famoso “Arroz de Polvo”.
Marcamos uma próxima reunião, já com a presença de Borba e com a minha agencia de publicidade que tinha criado a logomarca, que chamei para fazerem parte do projeto e ganharem também alguma notoriedade e verba.