terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vigésima Terceira Dose de Pílulas do Livro...

A resposta á minha idéia veio positiva, mas com uma pequena ressalva, só tinham verba para três outdoors.
Aceitamos a negociação far-se-ia um lançamento através de um Coktail no Paraíso com a imprensa e convidados em data oportuna.
Borba concordou e a minha agencia começou a tratar de todos os pormenores técnicos com os interessados.
Poucos dias passados, recebo um telefonema do responsável regional, alterando um pouco o que tinha sido acordado.

A verba tinha diminuído e só era possível ser criado um outdoor ao vivo.

Achei estranho aquela súbita mudança, comuniquei a Borba o sucedido, também não entendeu, mas mesmo assim como já tinha dado a sua palavra para o trabalho, concordou em continuar.
Segunda Feira pela manhã cedo, lá estava o andaime e a tela prontos para as pinceladas rápidas e instintivas de Bel Borba.

A tela ficava perto do Itaigara, num cruzamento de muito trânsito e era vê-lo em cima do andaime, dando forma sucessiva ao outdoor gigante pintado ao vivo e que tinha o nome de “Os Pecados Tropicais”.

As pessoas paravam nos seus carros, de dentro dos ônibus os passageiros diziam frases, algumas imperceptíveis, por vezes ouvia-se de lá do fundo da rua um grito: grande Bel Borba... Outros abriam os vidros das suas viaturas, e perguntavam o que era aquilo ali!

O impacto estava criado, a obra do artista em tela gigante, ficaria pelo menos quinze dias de exposição ao ar livre, para todos terem acesso.
Ia com Carla de carro quando olho para o meu lado direito, fiquei estupefato... Não acreditava, não era possível.
Existiam outros outdoors, não pintados ao vivo, com uma loja de roupa, que era igualmente cliente da agencia de publicidade que eu tinha chamado para o projeto. Tinha descoberto o porquê da mudança súbita e da falta de verba.   
A agencia tinha desviado o foco para outros clientes, que eram dela.
Aprendi mais uma lição... Fiquei em silêncio. Carla entendeu, não seria preciso explicar nada, tudo estava á vista e no lado direito da rua.

Em Abril fazíamos um ano de abertura do Rio Vermelho, estávamos a preparar uma confraternização.

Começaram a surgir alguns rumores que me deixaram apreensivo, talvez mal entendidos, ou então boatos que se transformavam em assuntos mais delicados.
Desde o inicio de todo o projeto, soube de pessoas chamadas de amigas do mestre, que faziam de tudo para deturpar o nosso relacionamento.
Nunca me indispus contra ninguém, nem mesmo ouvindo falar de coisas absurdas. Quase sempre apareciam noticias contraditórias de um lado e do outro. Que estranho parecia aquilo tudo.
Os taxistas traziam muitos clientes vindos dos hotéis, mas também muita noticia e algumas informações...

Respeitei e respeitarei sempre o homem, o profissional e o criador Beto.
Sempre que surgia alguma informação menos esclarecida, tanto eu como ele, arregaçávamos as mangas e tentávamos esclarecer... Era ótimo.
As informações cruzadas originavam a maioria das vezes um mal estar de ambas as partes...
Nunca tivemos nenhum desentendimento durante todo o processo profissional e pessoal. Conversávamos ás vezes acaloradamente, mas sempre dentro do respeito mútuo. Acho que o mestre sempre me respeitou da mesma forma que eu o respeitei.
O nosso dialogo sempre funcionou ao mesmo nível e á mesma distância.
Os problemas financeiros faziam alguma mossa séria no nosso relacionamento pessoal e profissional.
Chegado o inverno o movimento decaiu substancialmente tanto no Rio Vermelho, como no Cabula, estávamos todos nervosos, despesas para pagar e as receitas baixíssimas. Com o Rio vermelho aberto e ainda por cima inverno, o faturamento do Cabula derrapou. Ninguém ia para longe, muito menos chovendo. A beleza do Cabula acontecia durante o dia e com sol; para se observar a natureza, as arvores e os frutos.

Pode-se gostar muito da gastronomia, mas existem condicionalismos que limitam o deslocamento das pessoas.

As medidas teriam de ser enérgicas, decidimos limitar o quadro de pessoal, reduzir algumas pessoas e despesas e fazer um novo investimento, pois a área do pergolado era imprescindível para o bom funcionamento do Rio Vermelho.

A chuva não dava tréguas nos meses de Junho e Julho, seria necessário colocar-se um toldo que cobrisse toda a área do pergolado e onde os clientes, pudessem ficar.

Apesar dos orçamentos serem bastante caros, optamos por um toldo que abrisses e fechasse manualmente.
Colocamos o toldo, mas viemos a descobrir que não seria de maneira alguma a solução ideal, porque quando chovia fortemente, a área externa ficava totalmente alagada. Talvez no projeto inicial do restaurante, na reforma, devesses ter sido contemplado uma área externa totalmente fechada por vidros transparentes e portas e que pudesse ser aberta unicamente em alturas que não chovesse.
Estávamos há um ano abertos e aos poucos descobríamos que os clientes é que nos dão o sentido das falhas.
Perdemos imensa clientela, pela questão referenciada.


Um comentário:

  1. Muitas vezes, põem-se meninos e meninas de vinte anos a escrever críticas. E há outros que também escrevem romances. É muito raro aparecerem bons romances antes dos trinta anos, muito raro. Um tipo só pode fazer uma coisa de jeito depois de ter passado pelas coisas. Se não viveu, os livros até podem estar «tecnologicamente» correctos, mas não há ali mais nada. A experiência de vida cada vez mais me parece fundamental.
    Antonio Lobo Antunes

    Ele sabia o que estava dizendo...e você entendeu perfeitamente...

    Adanair.

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